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Ministério dos Evangelistas Daniel Kolenda e Reinhard Bonnke.
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Cristo para Todas as Nações
Dica de Sobrevivência 2: “Avalie a situação”
Aquele que estiver encalhado no deserto deve avaliar constantemente a sua situação. Ele precisa fazer um balanço dos seus recursos e compreender o que se passa ao seu redor. Dessa forma, poderá seguir em frente, com a cabeça fria e uma boa idéia do que seja necessário para conseguir sair da situação.
Quais São os Seus Recursos?
Se estivermos perdidos no deserto, nossas chances de sobrevivência poderão aumentar drasticamente se possuirmos alguns suprimentos básicos, tais como alimentos, água, uma faca, ou fósforos. Estas provisões nunca são tão importantes e valiosas como quando a nossa sobrevivência está em jogo. E isto também é verdade com relação ao deserto espiritual. Os recursos que Deus nos deu para a nossa vida espiritual são sempre muito preciosos; entretanto, no deserto, temos de redescobri-los e nos agarrarmos a eles como nunca. E estes recursos são a Palavra de Deus, a comunhão dos santos, e o conforto do Espírito Santo.
A Palavra de Deus
A Palavra de Deus é um oásis de verdade em meio a qualquer deserto espiritual. Não importa quão difícil seja a temporada, ela é uma fonte sempre presente de renovação e força, e não depende das circunstâncias externas para ser eficaz. Deixe que a Palavra de Cristo “habite ricamente” (Cl 3.16) em você, porque “a palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração” (Rm 10.8). Quando as condições externas contradizerem a verdade, esta verdade deve determinar a nossa condição interior. “Sei que desejas a verdade no íntimo” (Sl 51.6 – NVI). Isso nos permite viver e falar direto do nosso coração – a câmara secreta que armazena a Palavra de Deus – e não de nossas circunstâncias. “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti” (Sl 119.11).
Isto é especialmente importante quando o inimigo se aproveita do nosso deserto, nos afogando com suas mentiras e tentações. Nossa única arma contra ele é a verdade da Palavra de Deus. Essa é a nossa sabedoria para o deserto. Jesus nos deu exemplo disso em seu próprio deserto, quando respondeu às tentações do diabo citando as Escrituras (Mt 4. 1-11). Ele buscou no seu arsenal interior, pegou exatamente os textos que precisava, e disparou a verdade contra o seu inimigo. A Palavra de Deus tem um poder incrível quando acreditamos nela. É o nosso recurso mais precioso durante as estações secas.
A Palavra de Deus não apenas nos protege das mentiras, mas também nos faz lembrar Seu propósito para o deserto em si. A experiência do deserto abala o nosso estado físico e nos faz sentir que algo está terrivelmente errado. Todavia, a verdade da Palavra de Deus nos dá sabedoria para colocarmos tudo na perspectiva correta.
Os dois discípulos no caminho de Emaús estavam sofrendo a dor de um súbito deserto espiritual. Eles estavam totalmente desorientados, cegos pelo desânimo da esperança frustrada, e por uma sensação arrepiante de um mal incontestável. Afinal de contas, seu herói tinha morrido. Jesus de Nazaré, o poderoso profeta que eles pensavam que iria redimir Israel, parecia ter perecido vergonhosamente como um falso Messias. Os líderes religiosos zombaram d’Ele e o mataram, e agora as suas aspirações de liberdade e glória estava enterradas com Ele. Como isso pode ter acontecido? Como tal esperança podia ter se transformado tão de repente em tamanha desgraça?
Então Jesus se aproxima deles sem que percebam. Ele caminha ao lado deles e lhes dirige a palavra. Nessa conversa Ele descobre sobre o que eles estão falando e qual o motivo de tanta tristeza; e Ele transforma completamente a perspectiva deles, explicando-lhes as Escrituras (Lc 24.27). “Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?“ (Lc 24.26 – NVI). Observe que Jesus não se revela a eles em pessoa, mostrando-lhes que estava vivo e bem, e andando bem ali ao lado deles. Ao contrário, sua identidade permanece oculta enquanto Ele explica, a partir da Palavra escrita, que as circunstâncias não são para deixá-los desanimados, pois são necessárias para o plano de salvação de Deus. Jesus não muda as suas circunstâncias; Ele muda a sua perspectiva através da sabedoria das Escrituras. Agora eles podem entender, não apenas que Jesus ressuscitou dos mortos, mas que toda a “tragédia” era, na verdade, o plano de Deus desde o início. Não havia outra maneira de perdoar os seus pecados e exaltar ao Rei. A verdade das Escrituras transformou seu ponto de vista, não a sua situação.
Esse é o poder da Palavra de Deus. É o tesouro mais maravilhoso quando você se encontra no deserto. À medida que você avalia os seus recursos, redescobre a Palavra – porque no deserto, a perspectiva é tudo.
A Comunhão dos Santos
O deserto não tem de ser um lugar solitário para um filho de Deus. É uma expedição que Deus destina a nós para realizarmos em parceria um com o outro. Israel experimentou o deserto do Egito, do Mar Vermelho, e o do Sinai juntos, como uma família muito grande. “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar… no deserto” (1 Co 10.1,5 – ARC). E é a mesma coisa para nós hoje.
Deus não tinha a intenção de que os membros do corpo de Cristo passassem pelas aflições sozinhos. Nós pertencemos um ao outro, e devemos compartilhar das alegrias e das dores uns dos outros. Essa é a natureza de um corpo. “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam“ (1 Co 12.26). Assim, durante os períodos de adversidade, quando a pressão é muito forte, as emoções estão enfraquecidas, e o alívio for escasso, precisamos da força da nossa família espiritual para nos ajudar a carregar o peso do fardo. “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2 – ARC).
Durante o deserto espiritual de sua congregação, o autor de Hebreus disse: “Encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama ‘hoje’, de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado” (Hb 3.13 – NVI). Uma vez isolados em um deserto espiritual, nos tornamos especialmente vulneráveis ao desânimo e à decepção.
Alguma vez você já assistiu a um documentário da vida selvagem, onde mostra os leões caçando no Serengeti, por exemplo? Você vai ver que muitas vezes um leão, espreitando-se nos arredores, espera que uma das pobres criaturas se afaste do rebanho. Ele vai separar especialmente aquela que se afastar do grupo, porque o leão sabe que, no grupo, existe segurança – e o diabo também sabe disso. A Bíblia diz que o diabo anda ao derredor, como um leão rurgindo, procurando alguém para devorar. Aqueles que se isolam tornam-se uma refeição fácil para Satanás. Em tempos de dor e sofrimento, sem o apoio do corpo, ele sabe que podemos facilmente nos tornar presas de suas tentações e armadilhas.
Certo dia, lendo sobre a “armadura de Deus”, em Efésios 6, tive uma revelação. A passagem nos diz que Deus providenciou armadura para a cabeça, os pés, o peito, e a cintura; e Ele também nos deu um escudo e uma espada. Então eu percebi algo que eu nunca havia notado – todas as proteções eram designadas para a parte da frente – não existe armadura para proteger as costas! No começo eu achei isso muito estranho; porém, de repente o versículo 18 me saltou aos olhos: “Orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos.” Este verso, que é mencionado no contexto da armadura de Deus, diz que nós devemos estar olhando uns pelos outros e defendendo uns aos outros na batalha. Não existe armadura para as costas porque supõe-se que um deve proteger as costas do outro. Se Deus nos equipou de tal forma que precisamos dos outros para guardar nossas costas, então é claro que Ele nunca teve a intenção de que fôssemos para a batalha sozinhos. Deus nos criou para precisarmos uns dos outros. É por isso que se você está passando por uma tribulação, uma estação sem frutos, ou enfrentando uma batalha, você precisa cercar-se de irmãos e irmãs que irão orar e cuidar de você com perseverança e propósito.
Então, quando avaliar seus recursos, considere a sua família espiritual. Faça um balanço de seus companheiros mais próximos e aproveite a armadura das palavras e da presença deles. Até mesmo os especialistas em sobrevivência física enfatizam este ponto. Eles incentivam a apreciação dos dons dos membros de sua equipe para que todos possam contribuir de modo eficaz para a sobrevivência de todos. Assim, quando nos encontramos em uma situação de sobrevivência espiritual, devemos fazer o mesmo.
O Conforto do Espírito Santo
Em tempos de deserto, quem é tão fiel companheiro quanto o Espírito Santo? Qual amizade é mais valiosa durante os tempos difíceis do que a do mais maravilhoso, amável, leal e tremendo confidente do universo? Ao fazer um balanço de seus recursos, lembre-se do mais precioso e pessoal dom de Sua presença e companheirismo. O Deus vivo, na Pessoa do Espírito Santo, vai adiante de você, caminhando ao seu lado, protegendo suas costas, zelando por você, e habitando em você. O que mais você precisa? Quanto maior for a nossa revelação da presença do Espírito Santo, maior o nosso conforto. E quanto maior o nosso conforto, menos o deserto parecerá um deserto. Isso não quer dizer que o Espírito Santo nos “vacina” contra toda dor e sofrimento. Significa, sim, que a grandiosidade do conforto do Espírito Santo nos permite, não apenas manter a nossa alegria e a nossa firmeza moral no deserto, mas também a florescer em Cristo mais do que nunca.
“O deserto se alegrará, e crescerão flores nas terras secas; cheio de flores, o deserto cantará de alegria… Então os cegos verão, e os surdos ouvirão; os aleijados pularão e dançarão, e os mudos cantarão de alegria. Pois fontes brotarão no deserto, e rios correrão pelas terras secas. A areia quente do deserto virará um lago, e haverá muitas fontes nas terras secas. Os lugares onde agora vivem os animais do deserto virarão brejos onde crescerão taboas e juncos” (Is 35.1-2, 5-7 – NTLH).
Como podemos ter um “deserto” tão colorido, vivo e exuberante? Através da reconfortante e transformadora presença do Espírito Santo. Isso é o que faz o deserto valer totalmente a pena. Isso nos dá a oportunidade de experimentar o conforto do Espírito Santo em um nível que nunca teríamos experimentado de outra forma. Nada é mais valioso do que a consciência de um Deus sempre presente. Se você está passando por um deserto, determine em seu coração que você vai usar isso como uma oportunidade para descobrir mais sobre a realidade magnífica do Espírito Santo.
José, o jovem patriarca, precisou enfrentar muitas dificuldades, enquanto Deus o treinava para a realeza; e isso incluiu uma injusta prisão no Egito, antes de sua ascensão ao poder. E precisamente nessa parte da história, no entanto, o narrador faz um comentário que surpreende por sua simplicidade e magnitude. “O Senhor, porém, estava com José” (Gn 39.21 – ARC).
A história já mencionou a presença de Deus na vida de José várias vezes, e foi essa presença que fez com que ele fosse sucesso na casa de Potifar. No entanto, agora que a situação de José mudou da casa de seu mestre para o presídio, sua posição espiritual permaneceu a mesma. Da mesma maneira que Deus estave antes, agora também Ele está “com José”, mesmo na prisão. A mudança radical nas circunstâncias não significou que Deus o havia deixado. Ele ainda estava com o seu vaso escolhido, direcionando os passos de José e moldando o seu caráter.
E aqui está o segredo. O Senhor não estava “com” José apenas no sentido físico, e afastado emocionalmente. Não, o Senhor estava com José no sentido real da palavra. Ele estava passando por aquela provação e sofrendo junto com o Seu servo fiel. O próprio Espírito Santo se envolveu no sofrimentos de José para que, juntos, pudessem atravessar o deserto, companheiros nas emoções e pressões daquela dura experiência.
É assim que “o Espírito de Deus vem nos ajudar na nossa fraqueza” (Rm 8.26 – NTLH). Ele está “gemendo” conosco quando “gememos dentro de nós mesmos” (Rm 8.23 – NTLH). Sua presença não é algo superficial ou “técnico”, mas profundo e íntimo. O Espírito conhece o nosso deserto interior, aquele que esta embutido na nossa perspectiva e personalidade. Da mesma forma que Ele esta dentro de nós, podemos nos mergulhar n’Ele. Ele foi o único que ajudou Jesus a passar pelo deserto. Ele sabe suportar o deserto por que passamos e, ao mesmo tempo, entende perfeita e completamente qual é a vontade de Deus e de que maneira devemos orar. Ele conhece os nossos pensamentos, pontos fracos, pontos fortes e como respondemos à pressão. Assim, Ele sabe exatamente como nos ajudar. Ele é a nossa força divina e sabe como nos ajudar a vencer.
Então, quando você avaliar seus recursos, faça um balanço da presença confortadora do Espírito Santo. Entenda que o próprio Deus está com você, colocando toda a Sua plenitude à sua disposição. Você não está sozinho. Tome posse da paz e da força do Espírito. Deixe Seu conforto consolá-lo, mesmo quando não houver nenhuma fonte terrena de consolo. Então, seu deserto se tornará um santuário, e a sua terra árida, um jardim de Deus.
Conheça os Arredores
Nem todas as experiências “desérticas” são as mesmas. Algumas são causadas pelo pecado ou desobediência, e outras são exercícios de treinamento do Espírito Santo. Precisamos saber que tipo de “deserto” estamos passando, para saber como devemos reagir. Vamos analisar cada um.
O Deserto da Oposição
O pecado pode tornar a colocar-nos em um deserto espiritual. Quando os israelitas se rebelaram contra o Senhor, Ele multiplicou os seus anos no deserto. “Levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos e conhecereis o meu afastamento“, disse-lhes (Nm 14.34 – ARC). A maior parte do deserto de Israel foi um “deserto de oposição” – oposição de Deus à sua desobediência e incredulidade (Hb 3. 17-19).
O pecado é um poder maligno que se coloca contra Deus. Quando permitimos que o pecado permaneça em nossa vida e se torne um hábito, não apenas experimentamos o deserto da separação de Deus, mas também da oposição divina. “Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus?… Por isso diz a Escritura: ‘Deus se opõe aos orgulhosos…” (Tg 4.4,6 – NVI).
Tentar andar contra o insistente vento contrário da resistência de Deus é uma atividade desnecessária, inútil e desgastante. É o deserto da oposição. Então, como vamos escapar? Vejamos o que mais Tiago tem a dizer:
“… mas concede graça aos humildes’. Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração. Entristeçam-se, lamentem e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará” (Tg 4.6-10 – NVI). Em outras palavras, Tiago está dizendo: “Arrependei-vos”. Abandonem o seu pecado e voltem-se totalmente para Deus.
Ao contrário da opinião popular, “arrependimento” não é uma palavra ruim. Não é a voz da tirania espiritual, ou o discurso de algum pregador de rua enraivecido, brandindo nos ares a sua Bíblia – e vomitando insultos – aos transeuntes. Arrependimento também não é legalismo, nem as exigências de líderes controladores, religiões opressoras, ou de um Deus irado.
O chamado ao arrependimento é o convite misericordioso de Deus para recebermos o perdão, mudar nossos caminhos, sermos curados, e escaparmos do poder do pecado. É a insistência completamente gentil de Deus de que nossos pecados não tenham a última palavra; não estamos condenados a permanecer com nossos maus hábitos. O arrependimento abre o único caminho fora do deserto da oposição. Entretanto, pecisamos entender o que é arrependimento. O que Tiago descreve não é apenas uma mudança de comportamento – mesmo que seja uma mudança radical. Arrependimento é uma reformulação total de mente e estilo de vida que gira em torno de Jesus Cristo. O arrependimento genuíno não é tanto uma questão de abandonar o pecado, como de se voltar para Jesus. “Voltem-se para mim e sejam salvos, todos vocês, confins da terra; pois eu sou Deus, e não há nenhum outro.“ (Is 45.22 – NVI).
Se o meu destino é o norte, mas estou viajando em direção ao nordeste, fazer uma curva de 180 graus não vai me ajudar. Pode até ser uma decisão radical por eu ter descoberto que estava indo na direção errada mas, de qualquer forma, não vai me colocar na direção certa. Afinal, isso vai me levar para o sudoeste, e não para o norte. Mudar de acordo com a minha própria sabedoria não será suficiente, independente do quão radical minha nova direção possa parecer.
Se arrependimento fosse sempre uma questão de fazer uma curva de 180 graus, então seria apenas para as pessoas que vivem nos mais vergonhosos e depravados pecados, indo na direção precisamente oposta a Cristo. Esse tipo de arrependimento não teria nenhuma relevância para aqueles que andam com o Senhor e têm o objetivo de agradar a Deus, mas que saem um pouco fora do curso. Todavia, quando percebemos que arrependimento é menos sobre abandonar o pecado, e mais sobre voltar-se para Jesus, aprendemos que o arrependimento é algo que podemos fazer a qualquer momento que o Espírito nos convencer, mesmo do mais sutil dos pecados. Então, se estivermos apenas alguns graus fora da rota – talvez uma atitude errada ou um modo de pensar fora de sincronia com o Espírito – podemos dar uma “recalibrada” e voltarmos a ficar alinhados com Cristo mais uma vez.
Este é um princípio muito importante. Muitos têm prolongado o seu deserto concentrando-se nas coisas erradas. Estão perdendo tempo com seus fracassos e deficiências, se debatendo e vivendo sob um constante bombardeio de condenação e vergonha. “Nunca vou conseguir superar esse problema. Nunca serei capaz de viver como um verdadeiro cristão…” Vez após vez eles tentam se afastar do pecado, mas sem sucesso. O sentimento de culpa, vergonha e falta de valor acaba sempre levando alguns a se afastarem de Cristo. Assim, eles prolongam indefinidamente o seu tempo no deserto – uma situação muito pior do que sua luta inicial.
Todavia, quando abandonamos o pecado e nos voltamos para Jesus Cristo, tudo muda. Jesus é a beleza da santidade (Ap 1.12-20), a nossa grande obsessão (Fl 3.7-11, Aquele que nos batiza no Espírito Santo (Mt 3.11), que nos capacita a viver em vitória (Rm 8.13). Jesus é o grande Sumo Sacerdote que se compadece das nossas fraquezas e nos ajuda quando somos tentados (Hb 4.14-16). Jesus é a nossa vida (Cl 3.1-4). Em vez de pensarmos sobre o quanto temos falhado, vamos nos concentrar no próprio Jesus. É isso que é arrependimento. Se você se encontra em um deserto causado pelo pecado, rebelião ou desobediência, coloque seus olhos em Jesus e volte-se para Ele de todo o seu coração. Caminhe em direção a Cristo e encontrará o caminho que o conduzirá para fora do deserto da oposição.
O Deserto da Promoção
O “Deserto da Oposição” de Israel na verdade começou como um “deserto da promoção”. Sua desobediência atrasou sua vitória por quarenta anos. O plano original de Deus, no entanto, era treinar Israel no deserto apenas por um curto período de tempo – não mais que dois anos. Mas por que Deus iria treinar o seu povo no deserto?
Deus prometeu ao seu povo que iria “livrá-lo das mãos dos egípcios e tirá-los para uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel“ (Êx 3.8 – NVI). Esta terra seria sua casa para sempre (Is 60.21); “a glória de todas as terras” (Ez 20.6 – NVI); o lugar de onde Israel guardaria os mandamentos do Senhor (Sl 105.44-45), e irradiaria a Sua grandeza para as outras nações (Is 42.6). Em sua terra, Israel iria florescer como o Reino do Céu na Terra, uma luz sobrenatural incorporando a glória do caráter de Deus para o mundo.
Esse é um destino maravilhoso! Deus deu a Israel uma bênção que incluía serviço, privilégio e liderança a nível global. Tal chamado exige uma humildade e uma lealdade extraordinárias. Por isso, Deus os conduziu por meio do deserto. Ele os estava testando para ver se eram dignos do seu chamado; preparando-os para algo único e incrivelmente especial – um lugar incomparável na história. Diante disso fica fácil entender por que Deus tinha de colocá-los à prova. Ele precisava saber se poderia confiar-lhes uma missão tão importante. Ele tinha de prepará-los para serem seus nobres embaixadores às nações.
“E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem. Nunca se envelheceu a tua roupa sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos. Sabes, pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o Senhor teu Deus” (Dt 8.2-5 – NVI).
Leia esta última frase novamente. A disciplina do Senhor não é apenas corretiva; ela também é preparatória. É um Pai amoroso treinando Seus filhos para um legado real no Reino! “É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?… Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados” (Hb 12.7,10-11).
O Senhor desejava que as futuras gerações entendessem que o deserto não fora planejado inicialmente para servir de castigo pelo pecado. Também não era um engano, ou fruto da incapacidade de Deus de cumprir Suas promessas. O deserto de Israel era um campo de treinamento para se alcançar a grandeza. Era o “deserto da sua promoção”.
É a mesma coisa conosco. Deus deu a cada crente o mais alto chamando – “participar da Sua santidade” (Hb 12.10 – NVI). E o que significa participar da Sua santidade? Veja como Paulo coloca esta questão: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos“ (Rm 8.28-29).
Cada um de nós foi chamado para ser como Jesus. É isso que significa participar de Sua santidade. Somos chamados para participar da Sua natureza – a personificar nosso Senhor no amor, no caráter, na sabedoria, e no poder. Foi por isso que Deus nos salvou. Ele nos justificou para que pudesse nos moldar à imagem de Seu precioso Filho. Assim, o mundo poderia ver a glória de Deus – ao vivo e em pessoa – através de nós. Existe algum chamado mais importante, ou algum propósito mais grandioso e nobre? Que grande privilégio poder fazer parte da família de Deus! E assim como o nosso chamado geral é revelar Cristo ao mundo, nosso chamado específico é revelá-Lo dentro de nossa esfera pessoal de influência – nossos relacionamentos, nosso trabalho, nossa vizinhança, e com nossos dons.
Isto significa que necessitamos de treinamento. Precisamos aprender a confiar em Deus e não em nós mesmos. Temos de permitir que Deus nos transforme em vasos belos e cheios do Espírito Santo, e que não vivemos mais segundo os nossos desejos carnais, mas segundo o caráter de Cristo. Quão inestimável é a Sua imagem em nós! Assim como a nossa alma não pode ser comprada com ouro ou prata, mas somente com o precioso sangue de Jesus, da mesma forma a imagem de Cristo não pode ser adquirida por um preço baixo. Sim, é um dom dado livremente quando cremos; mas o seu “desenvolvimento” na vida diária tem um preço alto (Fp 2.12). Não é possível nos tornar santos experientes, manifestando Cristo naturalmente em meio a circunstâncias difíceis, da noite para o dia. Essa maturidade não acontece como em um forno de micro-ondas. Precisamos de um pouco mais do que uma aula ou uma reunião da igreja. Isso não será possível nem mesmo em um culto de avivamento. (Apesar de que todas estas sugestões sejam úteis e nos fornecem valiosos tesouros espirituais.) Não, o tornar-se semelhante a Jesus só ocorre na aspereza e na confusão da vida real.
Esse é o propósito para o deserto. Quando Deus deseja nos elevar a um novo nível de autoridade espiritual, Ele não apenas nos coloca rapidamente nesta posição; primeiro Ele nos prepara. Ele nos treina e aperfeiçoa antes de nos elevar a uma nova dimensão de nosso destino. Se resistirmos ao processo, resistiremos à promoção. Simples assim.
O deserto é o processo. É um momento duro, difícil, quando Deus nos despoja de nossos recursos e nos obriga a olharmos para Ele de uma maneira nova. Deus não quer pessoas superficiais. Ele não quer filhos que saibam como agir de modo espiritual na igreja, ou quando a vida é fácil, mas quando uma pressão mais grave ou uma injustiça sobrevêm, reagem da mesma maneira que um mundano faria. Deus deseja um povo como Seu Filho – totalmente maduro; pessoas espirituais que passaram por terras desérticas e saíram brilhando como as estrelas. “Se ele me provasse, sairia eu como o ouro“ (Jó 23.10).
O martelo e o cinzel de Deus forjam em tais pessoas fé, maturidade, e caráter verdadeiros. Elas tiveram uma genuína e fundamental experiência com Deus, e agora se parecem com Jesus: são mansas, amorosas, fortes e verdadeiras. Não conseguimos alcançar tais resultados tão rapidamente e nem a preço tão baixo. Elas vêm apenas através do doloroso fogo divino da adversidade, e resulta no doce espírito do caráter de Cristo.
O caminho de Israel para a Terra Prometida passou pelo deserto. E por causa da sua resistência demonstrada através de murmurações e rebelião, a primeira geração vagou no deserto sem destino, até que todos os murmuradores morresem. Que predador demoníaco ousaria se aproximar de um santo que ilumina a noite com um vulcão de adoração? Todavia, mesmo passando por tudo isso, José permaneceu fiel a Deus e se tornou o segundo homem mais poderoso do mundo, ao lado do Faraó. José precisava estar preparado para tamanha glória. O adolescente que se gabava de seus sonhos pode até ter sido um bom menino, mas não estava nem um pouco preparado para governar o Egito. Ele precisou de anos do calor do fogo para se tornar um homem de Deus. Até mesmo Jesus, “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5.8-9). Antes da promoção precisa haver processo; antes da ressurreição precisa haver morte.
Não podemos ignorar a disciplina do Senhor. Alguns tentaram e acabaram comprometendo sua vida e trazendo ruína sobre si. Eles procuraram ignorar o deserto porque “não reconheceram os meus caminhos” (Hb 3.10 – NVI). Eles queriam receber o prêmio sem pagar o preço, o sucesso sem a escola, a coroa sem a cruz. Mas Deus não trabalha dessa forma. O caminho para a glória passa por terras áridas. Assim, avalie a sua situação e veja se você está passando pelo deserto da promoção.
Pode ser que o Espírito esteja usando este livreto para mostrar onde você se encontra espiritualmente no deserto da promoção. E se for isso, você tem uma vantagem maravilhosa, pois pode avaliar sua situação com precisão, saber o que Deus está fazendo, e descobrir como responder. Arrependa-se caso você tenha murmurado e lutado contra Deus. Volte-se para o Senhor e ouça o Seu Espírito. Tenha ânimo; Deus está com você. Acredite em Suas promessas, não importa o quanto elas contradigam suas circunstâncias. Confesse suas falhas com fé verdadeira, antes que se acostume com elas a ponto de não se importar. Insista em obedecer e confiar no Senhor. Deixe todo o processo moldá-lo à imagem de Cristo. Você terá uma grande recompensa e cumprirá o seu destino. Como Smith Wigglesworth disse: “Apenas o ouro derretido pode ser moldado”.
Quando Deus quer treinar um homem
Impressionar um homem, habilitar um homem.
Quando Deus quer moldar um homem,
Para representar o seu papel mais nobre;
Quando Deus anseia de todo o coração
Criar um homem notável e ousado,
Que causará admiração ao mundo,
Repare nos seus métodos, observe o seu jeito;
Veja que Ele não se cansa de aperfeiçoar
Quem Ele regiamente elege!
Observe como Ele o malha e fere,
E com golpes fortes o transforma
Em formas esperimentais de barro,
Que somente Deus é capaz de entender;
Enquanto seu coração torturado chora,
E ele levanta as mãos em um gesto de súplica!
Como Ele se verga, mas nunca se quebra
Quando Ele se dedica a esta obra;
Como Ele usa o homem que escolhe,
E o forja para cumprir todos os seus propósitos;
Cada ato o induz a tentar exibir Seu esplendor
– Deus sabe o que está fazendo!
Henry Francis Lyte